segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Editoria: Educação

UnB adota sistema de cotas até 2014

Por Lorena Guedes
O sistema de cotas racial surgiu nos Estados Unidos em1961, sob a presidência de John Kennedy, a fim de combater os danos causados pelas leis segregacionistas, as quais impediam que os negros frequentassem a mesma escola que os brancos americanos.
Caso dos Gêmeos idênticos: Um foi aceito e o outro foi 
barrado pelosistema de cotas da UnB em 2007. 
(Imagens: www.veja.abril.com.br)
  Mas o sistema durou pouco tempo. No final dos anos 70, a Suprema Corte declarou inconstitucional o sistema de cotas para as minorias por estar aumentando a discriminação racial e a desigualdade republicana.
            No Brasil, a Lei de Cota foi uma das medidas tomada pelo Estado para compensar os negros pelos 338 anos de uma escravidão. Já que a Lei Áurea não garantiu a reintegração dos negros na sociedade e as descriminações econômicas e raciais os perseguiram ao longo dos séculos.
Este benefício foi adotado primeiramente no Rio de Janeiro após a promulgação da Lei nº 3.708, de 09 de novembro de 2001. Em junho de 2004, a Universidade de Brasília – UnB aderiu a cotas como parte do Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial. Com duração de 10 anos, a iniciativa reserva 20% do total de vagas abertas em cada ano para negros.
O candidato que pretende concorrer por contas é avaliado por uma comissão, que através de fotografias, determina se ele é negro, pardo ou branco.  Assim, um vestibulando negro optante pelo sistema de cotas passa a concorrer unicamente com negros que também optaram pelo sistema, enfrentando assim, uma concorrência significativamente menor.
O estudante Marcus de Aquino Carvalho de 27 anos passou por cotas para o curso de psicologia na UnB. “Optei pelo sistema porque o ingresso seria mais fácil. Ainda assim, fiz cerca de um ano e meio de cursinho pré-vestibular.”
De acordo com um levantamento feito pelo Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UeRJ, 51% das universidades estaduais e 42% das federais de todo o país adotaram até o fim de 2007 medidas que beneficiaram os negros por meio de cotas ou por bonificação no vestibular.

Polêmicas

Alguns opositores não acreditam em discriminação racial em instituições de ensino. Outros não aceitam que o benefício seja justo, já que o Brasil é um país miscigenado sendo difícil definir a raça de cada um.  (Veja aqui o caso dos gêmeos idênticos, em que um foi aceito e o outro foi barrado pelo sistema de cotas)
Uma pesquisa de geneticistas da Universidade Federal de Minas Gerais concluiu que 60% dos brasileiros que se declaram brancos têm alguma ascendência indígena ou africana.
Mesmo que existisse um modo de diferenciar negros de brancos, o que justifica equiparar diferenças intelectuais e raciais? Ao tratar negros e brancos de forma desigual a Lei de Cotas se torna inconstitucional e declara o racismo.
A estudante de pedagogia da UnB, Vanessa Dias da Silva, 19 anos, concorda com o sistema: “Sou de acordo com o sistema de cotas sendo uma medida provisória nas universidades e não uma medida constante. Acho que é uma boa medida de contornar um atraso Histórico. É muito triste olhar na universidade e ver tão poucos negros enquanto no sistema prisional a grande maioria é da raça negra”.
Apesar do estudante Marcus de Aquino ter ingressado na universidade por cotas, ele não concorda totalmente com o sistema:Concordo em parte com a idéia do sistema. As cotas são destinas a uma etnia que, de fato, é minoria na Unb. Por exemplo, em minha turma de ingresso, de cerca de 30 pessoas, apenas duas, contando comigo, eram negras. E aí vem a ideia, em parte fundamenta, de que grande parte da população que vive na linha da pobreza ou abaixo dela e que é privada de direitos fundamentais como os de uma educação adequada para um efetivo ingresso à faculdade é negra. Essa visão seria certa, não fosse à existência de pessoas de outras etnias que também vivem em condições semelhantes as da população negra supracitada.”

 Possível solução

Pardos e negros representam a maioria dos pobres brasileiros, porém o número de brancos pobres também é grande. O sistema de cotas racial fecha as portas das universidades para os pobres brancos.
Muitos estudantes pobres estudam em escolas públicas de má qualidade e não tem dinheiro para pagar cursinhos para se preparar para o vestibular competitivo das universidades públicas. Dessa forma, a oportunidade de se formar com qualidade e gratuitamente é destinado aos ricos. A grande questão da Unb não é que é de ‘graça’. É que é de qualidade. É a única universidade que possui o tríplice ensino, pesquisa e extensão. E quanto a isso todos têm direito,” diz a estudante Vanessa Dias.
“Um sistema de cotas mais eficiente deveria abranger não só os negros, ditos carentes, mas também todas as etnias que enfrentam desigualdade de preparo para o vestibular. No entanto, melhor que cotas para sanar o problema de ingresso à universidade é estruturar uma educação mais eficiente e igualitária que promova a todos, sobretudo das populações mais carentes, condições de se prepararem para a universidade sem a necessidade de cotas para a sua inclusão,” afirma Marcus de Aquino.

Grupo: Lorena Guedes, Kiara Mila, Juliana Lacerda e Juliana Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário