sábado, 10 de setembro de 2011

Caps-Ad Santa Maria: Alternativa para se livrar dos vícios

* Por Juliana Lacerda                                                                                                    Editoria: Cidades




Não parece, mas o Crack se instalou no Distrito Federal em apenas quatro anos, e chegou ao extremo. É possível ver usuários usando a droga do seu lado, na rodoviária do plano piloto, nas ruas da Asa Sul e Asa Norte, onde quer que você esteja.
Os usuários geralmente são moradores de rua, sem condições econômicas de se livrar do vício, sem perspectiva de vida. Mas um estudo feito pelo Centro Universitário de Brasília (Uniceub) revela que esse perfil mudou. A pesquisa mostra que 52% dos usuários têm emprego fixo, e ganham em torno de R$ 1,1 mil a R$ 3 mil reais mensais, e 30% tem nível médio completo, uma prova de que para usar a droga não há mais distinção de classe social ou escolaridade.
O crack é fabricado a partir da mistura de bicarbonato de sódio e pasta de cocaína. A palavra "crack" vem do inglês “to crack” e está associado ao barulho que as pedras fazem quando queimadas. A droga é consumida em cachimbos improvisados ou em latas de alumínio, e contam com o auxílio das cinzas de cigarro colocadas embaixo da pedra durante o consumo. O valor do crack é baixo, custa em média R$ 5, o que facilita a utilização em grande quantidade.

Onde Procurar Ajuda
O governo do Distrito Federal mantém alguns programas sociais que oferecem tratamento aos usuários de drogas. São os CAPS-AD Centros de Assistência Psicossocial de Álcool e outras Drogas, que estão espalhados em todo o Distrito Federal.
Os centros que oferecem tratamento específico para usuários de álcool e drogas estão localizados em Ceilândia, Guará, Sobradinho, Taguatinga, e Santa Maria. Os outros centros são exclusivos para tratamento de transtornos mentais.
Na última quarta-feira (31) foi inaugurado pelo governador Agnelo Queiroz, o mais novo Centro de Assistência Psicossocial de Álcool e outras Drogas, localizado no antigo touring, ao lado da rodoviária do plano piloto. No evento foi lançado o Plano Distrital de Enfretamento ao Crack e outras Drogas, que tem a participação de 15 secretarias do governo, e já tem 16 ações em andamento.

Tratamento oferecido no Caps-Ad de Santa Maria
Muitos falam nos números exorbitantes de usuários de drogas no Distrito Federal, mas pouca atenção é dada aos lugares que oferecem tratamento para essa “população” que vem crescendo a cada dia.
 O Caps Ad de Santa Maria oferece diversas possibilidades de tratamento conforme Plano Terapêutico Individualizado de cada paciente. Existe um cronograma de serviços oferecidos para eles. O primeiro deles é o Acolhimento, que é feito na recepção por um técnico de enfermagem, que recebe o paciente e preenche uma ficha com os dados pessoais dele, em seguida há o atendimento psicológico individual e de grupo; atendimento psiquiátrico; grupos terapêuticos e de orientação; grupo de família que tem o objetivo de incentivar a participação dos familiares dos usuários no tratamento e é uma atividade que contribui para a recuperação dos pacientes, atividades de convivência; onde é oferecido café da manhã, almoço e lanche para os pacientes que ficam o dia inteiro no centro, e o cine pipoca, onde eles assistem a um filme com temáticas diversas e em seguida é feito um debate para discussão do filme; e as oficinas terapêuticas que são as atividades manuais feitas por eles, como a horta que foi desenvolvida e é cuidada exclusivamente pelos pacientes.  
A coordenadora substituta do Caps de Santa Maria, Deisi Gomes, fala da quantidade de pacientes que eles recebem e das dificuldades que eles têm em seguir o tratamento “A gente tem cerca de 300 prontuários. Tem o prontuário ativo que é aquele paciente que está ativamente fazendo o tratamento, tem o que a gente considera inativo que deu início ao tratamento, mas ficou cerca de três meses sem comparecer, e tem os pacientes que abandonaram o tratamento e a gente liga para saber por que, incentivando o paciente a voltar. Tem muita ambigüidade ao se fazer o tratamento, o paciente quer se tratar, mas tem toda uma situação de mudança, tem a cobrança pessoal, familiar, social. é uma decisão ponderada por parte do paciente e não é fácil manter o tratamento” explica.

Para a psicóloga Glacy Calassa, do Caps-Ad de Santa Maria cada paciente tem um motivo que o levou a entrar no mundo das drogas, por esse motivo o atendimento psicológico individual é de extrema importância para entender cada paciente e realizar os tratamentos com eficácia “Cada paciente tem uma história única com as drogas ou o álcool, motivos diferenciados que os levaram a iniciar e manter esse consumo ao longo do tempo, e no atendimento individual conduzimos o sujeito na reflexão, compreensão e possível mudança de suas próprias escolhas. esse contato individual é necessário para que se possa planejar e implantar programas de prevenção, educação, tratamento e promoção adaptados às diferentes necessidades”Afirma.
O Caps recebe pessoas de outras regiões, como do Gama e do Entorno, sendo que 55% dos pacientes são de Santa Maria, 24 % do Gama, e 17% do entorno. Apesar de ser um centro novo ele enfrenta algumas dificuldades, principalmente com relação à infra-estrutura do local, que não tem divisórias para aperfeiçoar o espaço físico, não tem acesso à internet, não possui banheiros específicos para funcionários e pacientes, não tem um carro próprio para a locomoção dos pacientes e precisa de mais funcionários, especialmente um assistente social.
Quem procura o centro de assistência são homens e mulheres que chegaram ao fundo do poço, e perderam tudo, só não perderam a esperança de uma nova vida, como foi o caso do Carlos Edson que procurou o centro quando a dependência já havia tirado quase tudo dele “Quando eu entrei no tratamento eu estava sem esperança, sem expectativa nenhuma de vida, hoje eu vejo uma luz no fim do túnel, eu consigo acordar de manhã e pensar em fazer um curso, uma faculdade, a minha satisfação é parar e perceber que hoje eu estou sóbrio” disse.
O horário de funcionamento do Caps-ad de Santa Maria é de segunda a sexta-feira de 7 às 19h. para receber atendimento é só procurar um dos centros de assistência e fazer a ficha de acolhimento, e em seguida esperar o encaminhamento para as atividades terapêuticas.

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