segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Jornalista Giulianno Cartaxo da Record conta como chegou a ser apresentador do DF no Ar

Por Lorena Guedes

Ele chega às 3:30 da manhã para preparar o telejornal, já teve que conciliar três estágios e sair de seu próprio aniversário para cobrir uma notícia. Apesar disso, ele garante que a profissão é apaixonante e dá dicas para futuros jornalistas.

Você sempre quis ser jornalista?
Não, meus pais e algumas tias são jornalistas, mas apesar disso eu não queria seguir essa profissão. Eu cheguei a prestar vestibular para Engenharia de Alimentos e para Direito na UFPB-Universidade Federal da Paraíba, cidade onde nasci, mas reprovei nas duas provas. Em 2003 tentei vestibular para jornalismo e passei em 8º lugar. Acho que era para ser mesmo, pois só passei no vestibular quando escolhi jornalismo.

Quando você foi trabalhar na Record?
Ainda no primeiro semestre da faculdade, fui a Record e conversei com um editor-chefe da emissora a fim de conseguir um estágio. Eu me lembro que o editor me perguntou se eu entendia alguma coisa de televisão e eu respondi, brincando, que só sabia apertar o botão do controle remoto para ligar e desligar. Apesar da falta de experiência no telejornalismo, o editor cedeu uma vaga pra mim de auxiliar de produção.

Como passou a ser apresentador do DF no Ar?
Eu fui adquirindo experiência passando por diversas funções na emissora. Já fui pauteiro, produtor, ajudei a montar o Cidade Alerta e quatro programas locais. Em 1999, precisei morar em Brasília para trabalhar como assessor do ministro do Desenvolvimento Agrário. Depois passei a trabalhar no Balanço geral e há um ano apresento o programa DF no Ar.

Quais foram os sacrifícios que você já enfrentou pela profissão?
Faço parte da Equipe de Crise da Record, ou seja, se acontecer algo em Brasília depois das 21 horas, eu tenho que ajudar na cobertura das matérias. Quando o barco Imagination afundou no Lago Paranoá, eu estava me preparando para dormir. Quando o avião da Gol caiu, eu estava no meu aniversário com amigos e familiares, mas nas duas situações eu tive que largar tudo e ir trabalhar.

O que você diria para as pessoas que querem ser jornalistas, mas não têm noção a responsabilidade da profissão?
É uma profissão apaixonante, mas a pessoa deve entender que não é o jornalismo que vai se adaptar a vida dela, e sim o inverso. O jornalista não tem hora para sair e às vezes não tem hora nem para chegar. Se não estiver preparado para isso, escolha outra profissão.

Para muitos, o jornalismo é uma profissão de status, isso interfere na formação dos estudantes?
Sim. Muitos jornalistas saem da faculdade achando que vão ser o William Bonner ou a Fátima Bernardes e alguns pensam que vão mudar o mundo. Eu mesmo achava que ia apagar fogo, mas o máximo que posso fazer é dizer até que altura a chama chegou.

Qual é a sua opinião sobre a não obrigatoriedade do diploma?
Acho que essa briga vai se arrastar por muito tempo. O jornalista de verdade deve defender a obrigatoriedade do diploma. Muitos podem saber escrever, mas a teoria, a ética e a experiência dos professores, só a passagem pela academia vai trazer.

Você acha que as faculdades preparam os estudantes adequadamente para o mercado de trabalho?
Acho que alguns estudantes poderiam aprender ainda mais na faculdade para chegarem ao mercado de trabalho mais preparados. As faculdades deveriam ter laboratórios para que os estudantes pratiquem o jornalismo. Brasília possui tevês e rádios comunitárias que são obrigadas a ceder uma faixa da programação para acadêmicos, mas poucas faculdades as procuram.

O que os acadêmicos podem fazer para aprimorar seus conhecimentos técnicos?
O estudante deve ser jornalista 24 horas. Se ele viu algo que pode ser notícia, ele deve filmar e fazer matérias, por exemplo. Para os aspirantes ao telejornalismo, os acadêmicos podem treinar em frente ao espelho. Lembro-me que eu imitava o Datena. Eu treinava muito em frente ao espelho até adquirir meu estilo. O universitário também pode estudar outras línguas e fazer cursos de fotografia. Eu tinha um colega que não tinha nada para fazer e foi aprender mandarim. Hoje ele é correspondente da China e ganha em dólar. Também tive um amigo que era auxiliar de produção, ele não viajava, mas resolveu tirar o passaporte. Hoje quando é preciso cobrir alguma matéria fora do país é ele que vai, pois é o único que possui o visto.

Que dica você daria para um aluno que quer seguir a carreira jornalística?
Se alguém te perguntar se você sabe fazer alguma coisa, diga que sim, depois você corre atrás e aprende. Não faça como eu que disse que não sabia de nada para o editor da Record, lá eu tive sorte. E o mais importante, nunca desista.

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